quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia Nacional da Poesia

LIMIAR

I

Da soturna jornada

Pelas brumosas sendas

Da anestesia,

Não guardei memória.

Sou um pêndulo que oscila

Dos limites da vida

Aos limites da morte.

Rubros lobos me espreitam silentes,

Numa densa garoa vermelha

Que lateja no ritmo da febre.

Venho à tona, por segundos,

E volto ao limo do sono.

Da sede, brota em meu sonho uma fonte:

Água fria em chão de pedra.

No fundo, uma alga se espreguiça

E essa alga sou eu.

II

Luminosa alegria de olhar!

De todos os lados, o apelo do verde,

Da vida verde e serena.

Aquele cipreste

Que gesticula e dança,

Acorda-me na lembrança

Reminicências vegetais:

Pequenino fremir de relva

No dorso dos campos;

Altos pinheiros imóveis;

Floresta oceânica e múrmura.

Festivo apelo do verde,

da vida verde e serena.

Ventura elementar de estar ao sol,

Viva e sem dor.

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